segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Mulher-Pássaro de Rosimeri Gindri




Mulher-Pássaro
Rosimeri Gindri

Mulher-pássaro, presa a uma gaiola...
Às vezes dourada, brilhante,
Nem a vê como prisão.
Às vezes simples, de madeira...
Prisão humilde, sofrimento consciente.

Mulher-pássaro que se debate,
Que luta pela liberdade...
Fere as asas, entristece... espírito forte
Que retorna a luta
Que não perde a sensibilidade,
O gosto pela liberdade.

Mulher-pássaro que conquista a liberdade,
Que pode voar até onde suas asas aguentam...
Que desafia o infinito
Atinge a liberdade plena,
E passa a ter medo do mundo,
Que retorna a gaiola
Mesmo que o dono seja outro.

Mulher-pássaro que tem um companheiro doente
Que não consegue alimentar-se
Que precisa ser amparado, confortado.
Que liberta-se mas...
Precisa retornar sempre,
Para cuidar do parceiro.
Que não consegue amar
Por sentir-se presa.
  
Mulher-pássaro, que conquistou a liberdade!
Que desafia o infinito com seu vôo...
- audaciosa...
- destemida...
- guerreira...
- soberba...
- triunfante...
- atraente...
- sedutora...

De olhos translúcidos,
Plumagem brilhante...
Que ama o espaço... A amplidão
O desafio...
Que desperta cobiça,
Que ama sua condição de fêmea.
Que se sente completa, livre...
Amada... vitoriosa...
Que ama o mundo
Ama a vida e não teme a morte!








Rosimeri Gindri é membro da AFLAMS - Titular da Cadeira nº  7

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

O rio Branco (serpenteando Boa Vista) - por Ana Arguelho






O rio Branco (serpenteando Boa Vista)


De todas as águas doces em que meu espírito se banhou, o Rio Branco é o de maior densidade e beleza. Afluente do Rio Negro, dizem que o encontro de suas águas oferecem um espetáculo fascinante, antes que o último desague no grande Amazonas.  Com suas águas volumosas, profundas e traiçoeiras, sua correnteza forte que ondula a superfície, o Rio Branco margeia a cidade de Boa Vista, no estado de Roraima. Muitas vezes, me sentei numa estratégica mesa do restaurante SESC Orla para olhar o movimento das canoas, barcas e lanchas que cortam rápidas suas águas. Dali vem os peixes que alimentam a cidade. Dourados, tambaquis e pirarucus são vendidos pelos pescadores que chegam com as canoas abarrotadas, às suas margens onde o verde brota com força e flores brancas explodem como mil noivas enfileiradas com seus buquês perfumados nas mãos. À margem direita um mirante que a prefeitura cuida com esmero. Lá estão os restaurantes, lanchonetes e um calçadão onde a juventude se reúne em passeio, nos fins de tarde. Ao lado, o Centro Histórico, o Museu e as lojas de artesanatos, que encantam pela graciosidade dos motivos indígenas, coloridos como uma festa junina.  Atravessando a rua se tem uma igreja alemã de séculos passados e cor amarelada, transpirando antiguidade. Ao longe a grande ponte Macuxi, que leva ao município de Cantá, e nos dias de grande cheia do rio, desaparece submersa em suas águas. Nesses dias, o espetáculo das águas é estonteante e quase nenhuma embarcação se vê singrando suas águas como em dias normais.
Meu filho, professor de música na Universidade Federal de Roraima compôs uma delicada, doce e melancólica música, Almas do Rio Branco, uma elegia, na verdade, para homenagear as muitas vidas que foram tragadas pelas águas desse gigante branco, e cujas almas permanecem em suas profundezas, aumentando o poder, a fartura e a dor que essas aguas carregam.
Para se ter uma ideia dos perigos do rio, registro o que aconteceu com um professor da UFRR. Vindo do Rio de Janeiro por meio de um concurso para dar aula na universidade, saiu com a namorada a passeio de lancha. No momento em que desceu, no outro lado do rio, foi tragado de imediato por suas águas e desapareceu levado por redemoinhos internos que o rio carrega no seu ventre. Naturalmente, foi uma morte que abalou a cidade, pois um homem jovem que atravessa o país para trabalhar, um futuro promissor pela frente, tem sua vida ceifada num átomo, por uma força indomável e traiçoeira da natureza.
Dizem, eu não vi, do tamanho das arraias e sucuris encontradas, que medem mais de 30m de comprimento. O que sei é que tudo naquela terra, em se tratando de natureza, carrega majestade e grandeza. Conhecida como a Amazônia Caribenha, o rio confere à cidade um   ar e um sabor praianos, com seus coqueiros e cajueiros em abundância e os abacaxis mais doces do Brasil por onde andei. Perguntei ao doutor e historiador, professor Reginaldo o porquê daquele sotaque praiano que julguei vir da umidade do rio. Ele contou que aqueles lugares em tempos de antanho haviam sido mar. Então compreendi a areia branca e a brisa fresca de todas as manhãs como se fossemos virar a esquina e dar de cara com o mar. A cidade é pequena e graciosa. Ao seu redor, as aldeias indígenas conferem a identidade macuxi à Boa Vista. Todos ali orgulham-se de sua origem macuxi. Todos se denominam macuxi. Fico imaginando essas terras quando povoadas só pelas tribos indígenas. Seria lá O El Dourado de que falou Voltaire no Candide? Os indícios são muitos. O nióbio, que tem alimentado a NASA e os olhos dos americanos. As pedras preciosas que faíscam no Monte Roraima e que são extraídas e levadas para a África do Sul para serem lapidadas e transformadas em joias valiosíssimas, vendidas para o mundo todo. E o ouro no fundo dos rios da Bacia Amazônica, que tem provocado uma extração perigosa, explorando e oprimindo os nativos da região. E tantas outras riquezas que se escondem ou explodem na pequena Roraima sob um céu que atravessa a linha do Equador em sentido vertical e paira sobre nossas cabeças como se pudéssemos tocar as estrelas e seguir a pé até a lua. Em Roraima vive-se pertinho do céu, entre os astros e as águas. Luz e sombras alterando nosso espírito, enquanto a carne padece por falta de médicos, de infraestrutura, de políticos sérios que se compadeçam da pobreza de um estado contraditoriamente tão rico mas que depende da luz da Venezuela para ter direito à eletricidade e vive em pânico, entre apagões, sempre com medo do escuro eterno por falta de que se ligue o Estado às hidrelétricas brasileiras. Onde o mercado local é provido com refugos da perversa indústria brasileira: o detergente, da mesma marca do usado em outros estados é mais ralo; o biscoito tem menos gergelim que o fornecido à outras capitais do país; o papel higiênico tem folhas mais finas e custa o dobro do que se paga no centro sul.
Essas precariedades são tão fortes que empanam a beleza de se viver numa cidade margeada pelas águas majestosas do Rio Branco.


Campo Grande, 21/11/2018.







Ana Arguelho é titular da Cadeira nº 36 da Academia de Letras e Artes de Mato Grosso do Sul.

domingo, 9 de dezembro de 2018

Premio De Direitos Humanos - Daniela Duarte_ convida:



A Acadêmica  Daniela de Cássia Duarte - Cadeira 25 -  convida,   para o evento de recebimento do premio de Direitos Humanos de 2018, que ocorrerá amanhã, na Câmara Municipal:



Memórias da Chuva de Thais Martins - Convite




Convite da Thais Martins:

Convido a todas as participantes da Academia Feminina de Letras e Artes de Mato Grosso do Sul para o lançamento de meu livro".

sábado, 8 de dezembro de 2018

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Carta Para Júlia - por Delasnieve Daspet




Carta Para Júlia -  por Delasnieve Daspet*





Júlia, 

Ah! Júlia que espera que eu te diga? 
Que choquei-me com tua carta? 
Sim! Assustei-me, mas não a banalidade de um mero susto.. apenas o susto da responsabilidade que temos com os amigos, com os irmãos que vamos adquirindo durante o caminhar. 
Queria responder-te em PVT - mas noto que queres rasgar a fantasia e pisar no chão, com ambos os pés, sair da casca e começar a mostrar à Júlia que a vida é muito mais que fechar-se em lembranças; muito mais que tolher-se da felicidade... 
Sim, tolher-se! A felicidade nós a construímos no dia a dia. A cada momento. A cada hora. 
E tu, Júlia tens tanto! 
Tens - em primeiro lugar o teu talento - este talento que te fez continuar... é, continuar! Seguir em frente ainda que aos pedaços, ainda que lamentando com cada fibra do ser o ocaso de teus sonhos-Fernando! 
Mas, nessa dor que ainda guardas, só pensastes em ti. No egoísmo de teu amor-perdido, não pensastes um só momento que Fernando também sofre com tua desdita. Claro, eis que a morte não existe, é apenas a transposição de um estado para outro. 
Não vivestes, amargurastes o teu caminhar e claro, também a seqüência espiritual de Fernando - que certamente triste se encontra ao teu lado - esperando que voltes a sorrir e ver - em teus saltos de pára-quedas - a imensidão do azul que te abraça todos os dias. 
Olha o vento que sopra teu cabelo e que te faz sorrir - pensa que seja uma caricia que te vem de longe e transforma essa tristeza numa agradável lembrança. 
E a lembrança em esperança - pois que se a morte não existe - certamente haverá um outro momento para ti. Este pensamento sempre soe diminuir as tristezas. 
E pensa, também, no quanto és feliz - quem tem uma família maravilhosa como tu tens - seres que vieram para amenizar tua dor, perfumar tua existência com amor, nunca iriam magoar-se contigo... ao contrário, estarão sempre a postos para te abraçar e aconchegar em tuas necessidades. Ama-os e torna-os teus amigos sempre! 
Tua filha - pensa nela como a força que te foi enviada, o presente que te foi dado - a luz que te veio iluminar - mostrando-te que mesmo na incerteza, nas tristezas, a vida segue - e nada como uma criança para nos ensinar todos os dias as coisas que teimamos em esquecer. 
Amar? - como não podes mais amar ? Amarás sim, permita-te, entrega-te ao amor. Professe o amor. Trabalhe o amor. Trabalhe em ti. No teu crescimento. 
Procure alguém que necessite de tua força, velhos desamparados, crianças, entrega-te a um labor com todas as tuas forças e querer... o dia será curto para tantas atividades que irás arrumar. 
Quanto ao pai de tua filha - permita que ele seja pai. Fizeste-me crer - em tua carta - que absorves em demasia, juntamente com teus maravilhosos pais, a Adriana. Deixa-a voar um pouco, conhecer o pai. Exerça uma vigilância amorosa, gentil, amiga. 
Ela te será grata. uma criança precisa do pai - precisa da figura paterna até para um referencial futuro. 
Quanto a ti - saia da gaiola dourada que te metestes - saia, já! Lá fora brilha o sol, sorrisos, afagos, existem pessoas amigas, sérias, comprometidas umas com as outras... existe vida. 
E viver, Júlia, implica em responsabilidades contigo e com os outros. Mas, primeiramente contigo. Como poderás dar sem ter ? 
Os poemas que sacrificastes - queima-os no altar da saudade e escreve outros.. ou melhor, reproduza os que deletastes, eis que todos estão aí, dentro de ti, esperando apenas que lhes dê guarida e alforria. 
E lembre, a amizade é um perfume suave e imorredouro. Não existe distância, tempo, nada que a modifique. 
Saia, sorria, voe, viva! 
Vire a página e abra uma nova: A VIDA TE ESPERA! 
Um grande abraço da amiga 

Delasnieve Daspet 
12/09/04 - 00,30 hs 
Campo Grande/MS/BR 
http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=19561&cat=Cartas&vinda=S

*Delasnieve Daspet - Titular da Cadeira nº 1 da AFLAMS

domingo, 2 de dezembro de 2018

Infância a Venda por Viviane Vaz

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INFÂNCIA A VENDA
Por Viviane Vaz *
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Entende-se por exploração sexual um indivíduo obter lucro com a atividade sexual de outro. Crianças são vendidas pelos responsáveis para suprir a extrema pobreza de suas famílias. Trata-se de um crime hediondo segundo o código penal brasileiro: lei nº 12.015. Vamos destacar algumas formas mais comuns. O crime de rufianismo popularmente conhecido como cafetinagem.  Outro crime mais comum do que se imagina: o tráfico de pessoas para fins sexuais. Pessoas subtraídas de seu ambiente e seu corpo comercializados. Gente de alma violada e amputada do seu destino, sua identidade deformou-se. Outra forma de exploração é a pornografia infantil. A saber, a produção, utilização, exibição, comercialização de material (fotos, vídeos, desenhos) com cenas de sexo ou com conotação sexual das partes genitais de uma criança. Tem sido muito explorada, sobretudo em nossos dias, onde o acesso a rede mundial se dá rapidamente por dispositivos móveis e multifuncionais, onde internautas acessam e compartilham conteúdos. A grande pergunta é: o que a sociedade e o estado tem a haver com tudo isso? A tarefa da sociedade é denunciar e exigir ações para o cuidado desses feridos, demonstrando sensibilidade diante de suas terríveis histórias fazendo com que encontrem meios de se locomover em suas existências, com qualidade de vida e autonomia. É papel da sociedade e do estado combater essas formas de degradação humana, se manifestando, atuando como formadora de opinião e que não compactua com qualquer tipo de violação humana. O amor prático tem que ser nosso cotidiano durante a jornada de vida. Os sofrimentos decorrentes da exploração sexual, da violência e da rejeição, fazem os sobreviventes imaginarem um mundo sem nenhuma esperança! O estado precisa ser mais eficaz no cuidado e humanizando o atendimento com uma escuta especial que não revitimiza a pessoa violada, independente da origem ou natureza. Ser local seguro para todos, onde o ferido é aceito, ouvido, compreendido e encorajado a mudar, um ambiente de sigilo e cumplicidade. É imprescindível não expor a identidade nem rotular as vítimas dentro da própria comunidade.
Seja um agente de transformação não só da nossa sociedade, mas também de proporcionar que pelo menos uma vida que seja liberta da exploração! Denuncie através do número 100, ou pelo aplicativo “Proteja Brasil”
Mais informações com a Viviane Vaz, Coordenadora do Projeto NOVA e autora do Livro “Infância Amputada – o cuidado de sobreviventes da violência sexual e prostituição”, pelo e-mail vivi.vaz@gmail.com, ou acesse o site projetonova.com.


Viviane Vaz – é titular da Cadeira de nº 16 da Academia Feminina de Letras e Artes de Mato Grosso do Sul


sábado, 1 de dezembro de 2018

Reunião Ordinária na Casa de Ensaio - 03.11.18





Reunião Ordinária do dia 03.11.18
Na Casa de Ensaio







Encontro com o Governador Reinaldo Azambuja



Encontro com o Governador Reinaldo Azambuja



Reunião Com Secretário de Governo/MS - Dr. Riedel



Reunião Com Secretário de Governo/MS - Dr. Riedel
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Reunião extraordinária do dia 8 de setembro de 2018 Na OAB-MS


Reunião extraordinária do dia 8 de setembro de 2018
Na OAB-MS
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Membros da Academia Feminina de Letras e Artes de MS



Membros da Academia Feminina de Letras e Artes de MS
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Delasnieve Miranda Daspet de Souza 
 Cad. nº 01
Maria Helena Sarti  
 Cad. nº 02
 Aída Machado Domingos  
 Cad. nº  03

Maria Teresa Mendonça Casadei 
 Cad. nº 04
Blanche  Maria Torres 
 Cad. nº 05
Rosangela Villa da Silva
 Cad. nº 6
Rosemeri Gindri
 Cad. nº07
 Edineide Dias de Oliveira 
 Cad. nº 08
Marlei Sigrist 
 Cad. nº 09
Marilene Grolli 
 Cad. nº 10
Ana Lúcia Iara  Gaborim Moreira
 Cad. nº 11
Silvia Regina Ferreira Tavares Farina 
 Cad. nº 12
Lucia Monte Serrat 
 Cad. nº 13


Aurineide  Alencar  de Freitas Oliveira 
 Cad. nº 14




Therezinha de Alencar Selem
 Cad. nº 15
Viviane Machado de Melo Vazes 
 Cad. nº 16
Yrama Barbosa de Barros  
Cad. nº 17
Maria José de Jesus  Alves Cordeiro 

 Cad. nº 18
Martha Ribeiro Brum 
Cad. nº  19
Valmira Garcia de Oliveira  
Cad. nº 20
Mirian Suzuki 
 Cad. nº 21
Neyla Ferreira Mendes
Cad. nº 22
Kênia Magalhães  Braga 
Cad. 23
Luciana M.P.N. Rondon Carvalho

 Cad. nº24
Daniela de Cássia Duarte 
 Cad. nº 25
Ledir Marques  Pedrosa
 Cad. nº26
Sonia Cristina de Albuquerque Narciso     
 Cad. nº 27
Angela  Cristina Colognesi dos Reis 
 Cad. nº 28
Sonia Maria Ruas Rolon 
 Cad. nº 29
Marta Martins Albuquerque 
 Cad. nº 30
Cilene Queiroz
 Cad. nº 31
Helita Barbosa Serejo Fontão  
 Cad. nº 32
Severina da Silva
 Cad. nº 33




Laís Doria Passos Monteiro de Barros 
 Cad. nº 34
Lucimara de Oliveira Calvis
 Cad. nº 35
Ana  Aparecida Arguelho de Souza 
 Cad. nº 36
Érika de Oliveira  Rando de Oliveira
 Cad. nº 37
Maria Caroline Bertol Carloto Trindade Nantes 
 Cad. nº 38
Eudirce Isabel dos Reis Fiorese
 Cad. nº 39
Ilva Maria Xavier  Canale
Cad.40